Saturday, June 19, 2010

Duster - Romeno multinacional













A Dacia não é uma marca recente, ao contrário do que muitos pensam. Foi fundada em 1966, na Roménia e sempre produziu modelos sob licença da Renault, muitos deles depois da marca francesa os descontinuar, salvo raras excepções em que produziu um ou dois modelos com base Peugeot.
Após a queda dos regimes comunistas na Europa de Leste, muitos dos construtores desses países revelaram as inegáveis fragilidades como a falta de qualidade de construção, produtos antigos e parcos em segurança. Inevitavelmente as dificuldades surgiram o que levou a que muitos desaparecessem e outros fossem adquiridos por marcas ocidentais para servirem de acesso às suas gamas.
Foi o que aconteceu à Dacia, salva do esquecimento pela Renault. Desde aí, surgiram o Logan e o Sandero.
Aproveitando as sinergias de grupo e a crise que assola o mundo, a Renault decidiu tirar partido de utilizar a Dacia como marca low-cost e desenvolveu um SUV com o logótipo da marca romena. Assim nasceu o Duster.
A nova coqueluche romena pode ser considerada uma mistura internacional, pois apesar de partilhar 60% dos seus componentes com o irmão Sandero, estes não passam de peças de modelos descontinuados da Renault, e partilha inclusive alguns órgãos mecânicos com o japonês Qashqai. Sim, estou a falar do menino bonito da Nissan.
O Duster não é feio. É inclusive o modelo mais bonito da gama da Dacia. Também ninguém se apaixona por ele loucamente. Mas se pensarmos que podemos ter um SUV a partir de 15 000€, pensamos duas vezes. A Dacia também não estava à espera de tal sucesso, pois a produção de 150 000 unidades/ano pode não dar resposta às encomendas, pois as primeiras unidades só deverão ser entregues no final de Setembro ou início de Outubro, se tudo correr bem...
O SUV romeno é proposto em versões a gasolina e diesel, dois tipos de tracção, 4X2 e 4X4 e todos com transmissão manual.
A oferta a gasolina recai sobre o bloco de 1.6 litros com 105 cv às 5750 rpm e com um binário de 148 Nm às 3750 rpm e só está disponível na versão 4X2 com transmissão manual de cinco relações.
A oferta diesel é mais alargada com três variantes. Todas têm como base o bloco de 1,5 litros dci.
A versão de acesso é o dci 4X2 de 85 cv às 3750 rpm e com um binário de 200 Nm às 1900 rpm e transmissão manual de cinco relações. 
O patamar seguinte é o dci 110, que vem com a caixa manual de 6 relações e que se desdobra em duas propostas cuja diferença está no sistema de tracção. O 4X2 apresenta uma potência específica de 107 cv e o 4X4 sobe para os 109 cv. Ambos atingem o regime de potência máxima às 4000 rpm e têm um binário de 240 Nm às 1750 rpm.
Os níveis de equipamento são três: Pack, Confort e Confort Cuir, em que este último presenteia-nos com estofos, volante e punho da alavanca de velocidades em couro.
Como referimos mais atrás, o Duster é neste momento o modelo mais bonito de toda a gama Dacia. No exterior sobressaem as cavas das rodas, em sinal de robustez, uma nova grelha, mais agradável que as dos outro modelos Dacia e as barras do tejadilho. O portão traseiro faz-nos lembrar alguns jipes da Nissan.
No interior existe um misto de surpresa e déjá vu. Se o tablier é exactamente o mesmo do Sandero, o espaço oferecido é o que nos surpreende, sendo equivalente ao do Mégane, enquanto que a bagageira tem uma capacidade de 475 litros, o que faz muitas carrinhas do mercado corarem de inveja.
Aos bons ângulos característicos, o Duster 4X4 traz, como já foi referido, o sistema de transmissão herdado do Nissan Qashqai com três modos: 2WD, Auto e 4WD Lock, e a suspensão traseira do Qashqai 4X4.
Ao nível de preços, a oferta inicia nos 15 600€, com o bloco a gasolina de 1,6 litros, seguindo-se o Duster a diesel a começar nos 17 500€, na versão Pack e terminar nos 23 500€ na versão Confort Cuir. Todos os preços mencionados são sem despesas administrativas e de transporte.
Em resumo, a Dacia tem tudo para vingar ao oferecer automóveis de qualidade razoável e acessíveis. De salientar que em França a Dacia já ultrapassou a Ford e a Volkswagen em vendas. Dá que pensar.
O Duster chega assim ao mercado nacional sem grande concorrência, apesar de existirem alguns modelos que lhe poderão tentar dificultar a vida:

Daihatsu Terios: a partir de 20 490€;

Lada Niva: a partir de 18 688€;

Land Rover Defender: a partir de 24 911€;

Nissan Qashqai: a partir de 21 990€;

Peugeot 3008: a partir de 22 990€;

Skoda Yeti: a partir de 18 900€;

Suzuki SX4: a partir de 18 570€;

Suzuki Jimny: a partir de 18 570€;

Toyota Urban Cruiser; a partir de 17 965€;


Pois é, apesar de a concorrência não ser muita, é feroz. Vamos ver como o Duster se vai sair. É só uma questão de os consumidores deitarem para o lado o estigma de a Dacia ser uma marca low-cost e verificarem que a fiabilidade e garantia Renault está lá, apesar do logótipo romeno.
O Conta-Rotações agradece à Lizauto, concessionário Dacia para Leiria, por nos ter permitido o acesso ao Duster.