A Dacia não é uma marca recente,
ao contrário do que muitos pensam. Foi fundada em 1966, na Roménia e
sempre produziu modelos sob licença da Renault, muitos deles depois da
marca francesa os descontinuar, salvo raras excepções em que produziu um
ou dois modelos com base Peugeot.
Após
a queda dos regimes comunistas na Europa de Leste, muitos dos
construtores desses países revelaram as inegáveis fragilidades como a
falta de qualidade de construção, produtos antigos e parcos em
segurança. Inevitavelmente as dificuldades surgiram o que levou a que
muitos desaparecessem e outros fossem adquiridos por marcas ocidentais
para servirem de acesso às suas gamas.
Foi o que aconteceu à Dacia, salva do esquecimento pela Renault. Desde aí, surgiram o Logan e o Sandero.
Aproveitando
as sinergias de grupo e a crise que assola o mundo, a Renault decidiu
tirar partido de utilizar a Dacia como marca low-cost e desenvolveu um
SUV com o logótipo da marca romena. Assim nasceu o Duster.
A
nova coqueluche romena pode ser considerada uma mistura internacional,
pois apesar de partilhar 60% dos seus componentes com o irmão Sandero,
estes não passam de peças de modelos descontinuados da Renault, e
partilha inclusive alguns órgãos mecânicos com o japonês Qashqai. Sim,
estou a falar do menino bonito da Nissan.
O
Duster não é feio. É inclusive o modelo mais bonito da gama da Dacia.
Também ninguém se apaixona por ele loucamente. Mas se pensarmos que
podemos ter um SUV a partir de 15 000€, pensamos duas vezes. A Dacia
também não estava à espera de tal sucesso, pois a produção de 150 000
unidades/ano pode não dar resposta às encomendas, pois as primeiras
unidades só deverão ser entregues no final de Setembro ou início de
Outubro, se tudo correr bem...
O SUV romeno é proposto em versões a gasolina e diesel, dois tipos de tracção, 4X2 e 4X4 e todos com transmissão manual.
A
oferta a gasolina recai sobre o bloco de 1.6 litros com 105 cv às 5750
rpm e com um binário de 148 Nm às 3750 rpm e só está disponível na
versão 4X2 com transmissão manual de cinco relações.
A oferta diesel é mais alargada com três variantes. Todas têm como base o bloco de 1,5 litros dci.
A
versão de acesso é o dci 4X2 de 85 cv às 3750 rpm e com um binário de
200 Nm às 1900 rpm e transmissão manual de cinco relações.
O
patamar seguinte é o dci 110, que vem com a caixa manual de 6 relações e
que se desdobra em duas propostas cuja diferença está no sistema de
tracção. O 4X2 apresenta uma potência específica de 107 cv e o 4X4 sobe
para os 109 cv. Ambos atingem o regime de potência máxima às 4000 rpm e
têm um binário de 240 Nm às 1750 rpm.
Os
níveis de equipamento são três: Pack, Confort e Confort Cuir, em que
este último presenteia-nos com estofos, volante e punho da alavanca de
velocidades em couro.
Como
referimos mais atrás, o Duster é neste momento o modelo mais bonito de
toda a gama Dacia. No exterior sobressaem as cavas das rodas, em sinal
de robustez, uma nova grelha, mais agradável que as dos outro modelos
Dacia e as barras do tejadilho. O portão traseiro faz-nos lembrar alguns
jipes da Nissan.
No
interior existe um misto de surpresa e déjá vu. Se o tablier é
exactamente o mesmo do Sandero, o espaço oferecido é o que
nos surpreende, sendo equivalente ao do Mégane, enquanto que a bagageira
tem uma capacidade de 475 litros, o que faz muitas carrinhas do mercado
corarem de inveja.
Aos
bons ângulos característicos, o Duster 4X4 traz, como já foi
referido, o sistema de transmissão herdado do Nissan Qashqai com três
modos: 2WD, Auto e 4WD Lock, e a suspensão traseira do Qashqai 4X4.
Ao
nível de preços, a oferta inicia nos 15 600€, com o bloco a gasolina de
1,6 litros, seguindo-se o Duster a diesel a começar nos 17 500€, na
versão Pack e terminar nos 23 500€ na versão Confort Cuir. Todos os
preços mencionados são sem despesas administrativas e de transporte.
Em
resumo, a Dacia tem tudo para vingar ao oferecer automóveis de
qualidade razoável e acessíveis. De salientar que em França a Dacia já
ultrapassou a Ford e a Volkswagen em vendas. Dá que pensar.
O
Duster chega assim ao mercado nacional sem grande concorrência, apesar
de existirem alguns modelos que lhe poderão tentar dificultar a vida:
Daihatsu Terios: a partir de 20 490€;
Lada Niva: a partir de 18 688€;
Land Rover Defender: a partir de 24 911€;
Nissan Qashqai: a partir de 21 990€;
Peugeot 3008: a partir de 22 990€;
Skoda Yeti: a partir de 18 900€;
Suzuki SX4: a partir de 18 570€;
Suzuki Jimny: a partir de 18 570€;
Toyota Urban Cruiser; a partir de 17 965€;
Pois é, apesar de a concorrência
não ser muita, é feroz. Vamos ver como o Duster se vai sair. É só uma
questão de os consumidores deitarem para o lado o estigma de a Dacia ser
uma marca low-cost e verificarem que a fiabilidade e garantia Renault
está lá, apesar do logótipo romeno.
O Conta-Rotações agradece à Lizauto, concessionário Dacia para Leiria, por nos ter permitido o acesso ao Duster.
O Conta-Rotações agradece à Lizauto, concessionário Dacia para Leiria, por nos ter permitido o acesso ao Duster.